Com certeza você tem uma listinha guardada, nem que seja mentalmente, com os lugares que você quer conhecer antes de morrer. Aqueles lugares que, por ter um marzão cristalino maravilhoso ou por ter aquele café que você não vê a hora de experimentar te chamaram a atenção. Mas a rotina tem uma certa tendência de impedir a gente de viver sonhos assim. E o motivo é bem mais simples do que a gente imagina: precisamos de um lugar (confortável) para morar, roupas (de preferência de marca) para se vestir, um carro para deixar os trajetos da cidade mais práticos, dinheiro para poder sair à noite e experimentar os restaurantes novos da cidade, o celular do ano… Mas será que a gente realmente preciso disso “tudo”?
O texto que encontramos é perfeito para refletirmos sobre o que realmente precisamos na nossa vida. Afinal, nós vivemos ou acumulamos? O que vai ficar junto com a gente quando não estivermos mais aqui?
Um jovem advogado foi indicado para inventariar os pertences de um senhor recém falecido. Segundo o relatório do seguro social, o idoso não tinha herdeiros ou parentes vivos. Suas posses eram muito simples. O apartamento alugado, um carro velho, móveis baratos e roupas puídas. “Como alguém passa toda a vida e termina só com isso?”, pensou o advogado. Anotou todos os dados e ia deixando a residência quando notou um porta-retratos sobre um criado mudo.
Na foto estava o velho morto. Ainda era jovem, sorridente, ao fundo um mar muito verde e uma praia repleta de coqueiros. À caneta escrito bem de leve no canto superior da imagem lia-se “sul da Tailândia”. Surpreso, o advogado abriu a gaveta do criado e encontrou um álbum repleto de fotografias. Lá estava o senhor, em diversos momentos da vida, em fotos em todo canto do mundo.
Em um tango na Argentina, na frente do Muro de Berlim, em um tuk tuk no Vietnã, sobre um camelo com as pirâmides ao fundo, tomando vinho em frente ao Coliseu, entre muitas outras. Na última página do álbum um mapa, quase todos os países do planeta marcados com um asterisco vermelho, indicando por onde o velho tinha passado. Escrito à mão no meio do Oceano Pacífico uma pequena poesia:
Não construí nada que me possam roubar.
Não há nada que eu possa perder.
Nada que eu possa trocar,
Nada que se possa vender.
Eu que decidi viajar,
Eu que escolhi conhecer,
Nada tenho a deixar
Porque aprendi a viver.
